ODE AOS PROFESSORES DE LIBRAS

Por Rony Cravalheiro – CEO da Verbo em Moviemnto, professor, tradutor, intérprete e consultor de Libras

Analisando e vendo os vídeos respostas de professores de Libras: A comparação inadequada entre adultos e crianças no ensino de gramática

Analisando os vídeos de respostas de professores renomados de Libras nas redes sociais, nota-se um padrão nas suas argumentações sobre o ensino de gramática no módulo básico. Essa repetição levanta questões sobre a eficácia dessas comparações, especialmente quando se trata da diferença de aprendizado entre adultos e crianças. A abordagem equivocada de comparar a aprendizagem de um adulto com a de uma criança ignora as nuances essenciais da andragogia.

É fundamental reconhecer que um adulto, mesmo no início do aprendizado de Libras, já possui uma estrutura cognitiva formada e diversas experiências linguísticas. Essa bagagem impacta diretamente na sua velocidade de aprendizado e nas suas expectativas. Ignorar essas particularidades ao ensinar Libras pode resultar em métodos que não atendem às necessidades reais dos alunos adultos.

Para aqueles que ensinam Libras, é indispensável estudar as diferenças entre pedagogia e andragogia. As estratégias de ensino devem ser adaptadas para cada perfil, considerando o tempo, a urgência de aprender e os preconceitos que um adulto pode trazer para a sala de aula. Somente assim será possível proporcionar uma experiência de aprendizado significativa e eficaz.

A Relevância da Andragogia no Ensino de Libras

A andragogia desempenha um papel crucial no ensino de Libras, pois reconhece as particularidades do aprendizado em adultos. As diferenças fundamentais entre adultos e crianças podem impactar a forma como a gramática e a estrutura da Libras são abordadas. Além disso, os antecedentes linguísticos e as experiências de vida dos adultos influenciam seu processo de aprendizado.

Diferenças entre Aprendizado de Adultos e Crianças

Os adultos e as crianças aprendem de maneiras distintas. A criança, em fase de desenvolvimento, está aberta a novas informações sem pré-concepções. Em contraste, os adultos trazem experiências vividas, expectativas e uma base de conhecimento que moldam seu aprendizado.

Características do Aprendizado de Adultos:

• Autonomia: Adultos tendem a ser mais autônomos em seu aprendizado.
• Experiência Prévia: Eles chegam com um repertório linguístico e cultural já desenvolvido.
• Objetivos Específicos: Adultos frequentemente buscam aprender com fins práticos e imediatos.

Essas diferenças devem ser reconhecidas ao planejar aulas de Libras, garantindo que as abordagens educacionais sejam adequadas ao perfil do aluno adulto.

Estruturas Cerebrais e Experiências Linguísticas em Adultos

O desenvolvimento cerebral em adultos é mais estruturado e ramificado em comparação com o de crianças. Adultos têm conexões neuronais consolidadas, que resultam em um aprendizado mais eficaz com base em referências prévias.

Aspectos a considerar:

• Linguagem de Pares: Adultos se beneficiam da comparação com idiomas que já conhecem, como a língua portuguesa.
• Aprendizado Contextualizado: O vínculo entre novos conhecimentos e experiências anteriores pode facilitar a retenção.
• Abordagem Crítica: Adultos tendem a questionar mais e a precisar de justificativas para novos aprendizados.

Esses fatores destacam a importância de adaptar as estratégias de ensino de Libras para facilitar a compreensão e a aplicação prática para os alunos adultos.

Urgência e Motivações no Aprendizado de Adultos

A urgência em aprender Libras pode variar bastante entre os alunos adultos. Muitos estão motivados por necessidades profissionais, sociais ou pessoais, o que impacta diretamente na intensidade e na forma como aprendem.

Motivações comuns:

• Necessidade Profissional: Sua carreira pode exigir comunicação em Libras.
• Interação Social: O desejo de se comunicar com surdos amigos ou familiares impulsiona o aprendizado.
• Acessibilidade: Muitos adultos se interessam por Libras para promover inclusão em suas comunidades.

Esses elementos influenciam como os educadores devem estruturar suas aulas, levando em conta as aspirações e as pressões externas que os alunos enfrentam.